O mundo do rock e do entretenimento está de luto. Ontem, nos despedimos de uma verdadeira lenda, um ícone que transcendeu a música e se tornou um pilar da cultura pop: John Michael “Ozzy” Osbourne. O Príncipe das Trevas, o Madman, o vocalista que deu voz a uma geração com o Black Sabbath e em sua carreira solo, nos deixou, mas seu legado é eterno. E parte desse legado, muitas vezes subestimado, está gravado não apenas em vinil e CDs, mas também em rolos de filme.
Hoje, no Cine-Estesia, prestamos nossa homenagem a Ozzy, não apenas como o músico genial que ele foi, mas como a figura carismática e surpreendente que também brilhou (e aterrorizou) nas telas de cinema. Vamos relembrar suas participações, suas músicas que embalaram cenas icônicas e como sua voz se tornou a trilha sonora de muitos momentos inesquecíveis do cinema.

O Ator Inesperado: Cameos e Personagens
Ozzy nunca foi um ator no sentido clássico, mas sua presença magnética e sua persona única eram irresistíveis para os diretores. Ele não precisava atuar; bastava ser ele mesmo. Suas aparições em filmes, muitas vezes como ele mesmo ou em papéis que eram uma clara alusão à sua imagem, são momentos de pura genialidade e humor.
•”Um Diabo Diferente” (Little Nicky, 2000): Talvez sua participação mais famosa e hilária. No clímax do filme, quando o demônio (interpretado por Harvey Keitel) se transforma em um morcego, a solução para derrotá-lo é… chamar Ozzy Osbourne para arrancar a cabeça do bicho com uma mordida. Uma referência genial e autodepreciativa ao infame incidente do morcego em um show de 1982. É o tipo de cena que só Ozzy poderia fazer.
•”Austin Powers em o Homem do Membro de Ouro” (2002): Em meio a uma cena de luta caótica, a câmera corta para a plateia e lá está a família Osbourne (Ozzy, Sharon, Kelly e Jack) assistindo a tudo como se fosse um reality show. Ozzy, com sua sinceridade peculiar, resume a confusão na tela, quebrando a quarta parede e arrancando gargalhadas.
•Vozes e Animações: Ozzy também emprestou sua voz inconfundível para a animação. Ele foi o cervo Fawn em “Gnomeu e Julieta” (2011) e sua sequência, e o Rei Thrash em “Trolls 2” (2020), mostrando que até no mundo colorido da animação, o Príncipe das Trevas tinha seu lugar.
A Trilha Sonora da Escuridão (e da Ação):
Mais do que suas aparições, foi através de sua música que Ozzy e o Black Sabbath deixaram uma marca indelével no cinema. As guitarras pesadas, os riffs sombrios e a voz assombrosa de Ozzy se tornaram a trilha sonora perfeita para cenas de ação, suspense e, claro, muito rock and roll.
•”Homem de Ferro” (Iron Man, 2008): O que poderia ser mais perfeito do que a música “Iron Man” do Black Sabbath tocando nos créditos finais do filme que deu início ao Universo Cinematográfico da Marvel? A conexão é tão óbvia e tão genial que parece que a música foi feita para o filme (embora tenha sido lançada quase 40 anos antes).
•”Caça-Fantasmas” (Ghostbusters, 2016): Em uma das cenas, a equipe está em um show de metal quando um fantasma em forma de dragão aparece. A banda no palco? Uma banda cover do Black Sabbath tocando “Iron Man”. E quem aparece na plateia, confuso? O próprio Ozzy.
•Carreira Solo nos Filmes: A carreira solo de Ozzy também marcou presença. “No More Tears” aparece em “Um Diabo Diferente”, e a balada “Mama, I’m Coming Home” foi usada em diversos filmes e séries para momentos de emoção e introspecção.
•Clássicos em Cenas Inusitadas: A música “Crazy Train” se tornou um hino de energia e loucura, sendo usada em filmes como “Megamente” (2010) e “Magic Mike” (2012), mostrando a versatilidade e o alcance da música de Ozzy.
O Legado Imortal
Ozzy Osbourne era mais do que um músico; ele era um fenômeno cultural. Sua honestidade brutal, seu senso de humor e sua capacidade de rir de si mesmo o tornaram querido por milhões, mesmo por aqueles que não eram fãs de heavy metal. Ele era a prova viva de que se pode ser o “Príncipe das Trevas” e, ao mesmo tempo, um pai de família carismático e uma estrela de reality show.
Sua morte deixa um vazio imenso, mas sua música e suas aparições no cinema são eternas. Cada vez que “Iron Man” tocar em um filme, cada vez que “Crazy Train” explodir em uma cena de ação, cada vez que lembrarmos de Ozzy mordendo a cabeça de um morcego demoníaco, seu espírito anárquico e genial estará vivo.
Obrigado por tudo, Ozzy. O show pode ter acabado, mas a trilha sonora que você nos deixou tocará para sempre.
Descanse em paz, Príncipe das Trevas.
